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quarta-feira, 6 de abril de 2011

Projeto da Linguagem dos Cuidados, Sentimentos e Afetos em geral

Turma : D
Professoras: Dirlene e Alana

Origem e justificativa do projeto:
       Nas interações que estabelecem desde cedo com as pessoas que lhe são próximas e com o meio que as circunda, as crianças revelam seu esforço para compreender o mundo em que vivem, as relações contraditórias que presenciam e, por meio das brincadeiras, explicitam as condições de vida a que estão submetidas, seus anseios e seus desejos.
         No processo de construção do conhecimento, as crianças utilizam as mais diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de terem idéias e hipóteses originais sobre aquilo que buscam desvendar. Nessa perspectiva, as crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem.
         Educar significa propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integradas e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação inter-pessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural.
         O desenvolvimento da identidade e da autonomia está intimamente relacionada com os processos de socialização. Nas interações sociais se dá a ampliação dos laços afetivos que as crianças podem estabelecer com as outras e com os adultos, contribuindo para que o reconhecimento do outro e a constatação das diferenças entre as pessoas sejam valorizadas e aproveitadas para o enriquecimento de si próprias.
         Quando a criança chega à escola, ela já traz consigo experiências, atitudes, valores, hábitos de linguagem, que constituem e refletem a cultura de sua família e de seu meio social. Para se desenvolver, portanto, a criança precisa aprender com os outros por meio dos vínculos que estabelece.
         A capacidade da criança de ter confiança em si mesma e o fato de sentir-se aceita e ouvida, cuidada e amada oferece segurança para a sua formação pessoal e social.
         Dessa forma, a escola de educação infantil se constitui num espaço de socialização e o seu papel complementar é fundamental, pois objetiva um olhar de afeto, um olhar amoroso. “A educação não pode ser vista como um depósito de informações”. Há muitas formas de transmitir conhecimento, mas o ato de educar só se dá com afeto, só completa com amor.
         Ao buscarmos o desenvolvimento da criança, devemos considerar os aspectos mais básicos da formação da personalidade, como os sentimentos que se produz em sua volta, sejam elas afeições, simpatias, antipatias, medos, alegria, bem estar. O desenvolvimento da criança se dará normalmente na direção em que é conduzida pelo meio em que ela vive, seja ele familiar ou escolar, cabendo aos mesmos fazer com que essa afetividade seja desenvolvida de forma integral. Se a criança se perder em suas sensações, sentimentos e pensamentos, elas podem se tornar alienadas da realidade externa, enfrentando dificuldades para passar aos próximos níveis de desenvolvimento. A razão é que nos primeiros anos de vida, a maior parte da aprendizagem vem do que aprendemos nos relacionamentos. Todos os conceitos, intelectuais, abstratos, que as crianças dominarão em idades posteriores, baseia-se nos conceitos que elas aprendem em seus primeiros relacionamentos.
         Segundo Piaget, inicialmente, quando bebê, a criança passa por um período de impulsos, reflexos instintivos, nesta fase, não há sentimentos, o afeto é associado com os reflexos. Aos poucos, surgem os afetos perceptuais como prazer, dor, satisfação entre outros, que se formaram com a experiência e também se manifestam à diferenciação entre a necessidade e os interesses.
          Ainda segundo Piaget, o indivíduo não é um ser social ao nascer, mas se torna progressivamente social, portanto, o desenvolvimento afetivo não é separado do desenvolvimento cognitivo. O conhecimento é construído pela criança na medida em que interage com os adultos e com as crianças.
         Um comportamento que comumente é observado em grupos de crianças é a agressividade. Embora existam diferentes enfoques sobre a origem da agressividade, parece mais plausível concluir que esta nasce de um desprazer profundo, de um desconforto corporal. O estágio de desprazer varia segundo o nível de carga negativa que cada criança armazena, podendo ser um descontentamento com as coisas que acontecem ao seu redor, com pessoas próximas e até consigo mesma. A criança agressiva necessita de uma relação afetiva muito intensa e cabe ao professor, aceitar esse desafio e trilhar esse caminho.
         O medo também faz parte da vida da criança, embora ela ainda não tenha condições emocionais para enfrentá-lo. O medo é um sentimento básico e muito primitivo não só no ser humano, mas também nos animais. É uma reação instintiva de defesa, que prepara o nosso corpo para fugir diante de situações ameaçadoras, e tendem a desaparecer com o tempo.
         Os medos estão ligados a etapas específicas do desenvolvimento. Apesar de serem tarefas desenvolvimentais que terão de ultrapassar, o modo e a intensidade com que os sentem varia de criança para criança, de acordo com a sua personalidade, a dos pais, entre outros fatores. Com o crescimento e correspondente maturação cognitiva e emocional, a criança, com a colaboração dos pais, vai encontrando estratégias eficazes para lidar com os medos, pelo que, na sua maioria, acabam por desaparecer.
         A imaginação assume um papel preponderante nos medos das crianças e é, com o aproximar dos três anos (altura em que a imaginação se torna mais rica e atinge um maior grau de desenvolvimento) que é potenciado o surgimento do medo do escuro, dos monstros, fantasmas, ladrões, entre outros. Este é um dos medos mais comuns entre as crianças, sendo transversal a várias culturas e civilizações. Geralmente surge entre o terceiro e o sexto ano de vida da criança, e é habitualmente ultrapassado até à entrada para a escola. Ocorre com especial incidência na hora de dormir, momento em que a criança se sente “desprotegida”, pois se confronta com a separação física dos pais, bem como com a segurança que esta presença lhe oferece.
         Paralelamente à entrada para a escola, e ao longo do seu curso, surgem medos ligados a esta nova etapa da sua vida, bem como aos desafios a ela associados. O medo de se expor, ter de falar nas aulas, as histórias contadas de agressão dos mais velhos, entre outros, causam apreensão às crianças. Aqui os medos estão muito ligados à identidade da criança, à sua auto-estima e sentimentos de insegurança. Poderá surgir o receio de ser diferente, ser gozado pelos outros.
         Esta insegurança e medo assumem um papel marcante num espaço como a escola, pois estes sentimentos poderão transmitir à criança a sensação de impotência perante a resolução de dificuldades que até pode percepcionar como não perigosas, mas que apenas não se sente capaz de ultrapassá-las. Nestes casos, é essencial que os pais e/ou educadores saibam escutar a criança, desmistificar esses sentimentos e, sobretudo, ouvi-las e ajudá-las no sentido de encontrar estratégias eficazes para a resolução dos seus medos.
         A autonomia e a cooperação também são “hábitos” indispensáveis a serem construídos no cotidiano escolar, visto que as crianças possuem uma dependência intelectual em relação ao adulto nas tomadas de decisões. A cooperação está centrada na união e não no“ uns contra os outros.” Busca a participação de todos, sem que alguém fique excluído.
         Acreditamos que, através de uma relação de respeito mútuo entre professor e aluno, a cooperação entre iguais e respeitando o aluno como sujeito construtor do seu conhecimento, podemos contribuir para a formação de indivíduos autônomos.
        

OBJETIVOS:
  • Estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração.
  • Estabelecer vínculos afetivos e de trocas com adultos ou crianças, fortalecendo sua auto-estima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social.
  • Dar oportunidade às crianças de participar da construção das regras e combinados da turma, compreendendo a importância das mesmas para uma vivência harmoniosa em grupo/sociedade respeitando os limites de cada um.
  • Oportunizar momentos de troca, toque, carinho e afeto, desenvolvendo a socialização.


 LINGUAGENS A SEREM ABORDADAS:
  • Linguagem das brincadeiras e jogos
  • Linguagem da adaptação
  • Linguagem dos cuidados e sentimentos e afetos em geral

                
SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM:
  • Massagem de relaxamento de colega em colega, com o intuito de proporcionar o toque, a expressão corporal, a expressão de sentimentos e a construção de vínculos.
  • As crianças irão dançar músicas diversas e quando a música parar deverão abraçar o colega que estiver a seu lado, a fim de explorar o contato entre o grupo, afetividade e interação.
  • Ao som de músicas variadas o grupo dançará em pares e quando a música parar deverão trocar de par, a fim de desenvolver a interação e atenção.
  • Trabalhar com as crianças a noção de compartilhar brinquedos com os seus colegas, a fim de trabalhar a participação, a afetividade e a importância de dividir coisas e/ou brinquedos com os demais.
  • Confecção de um “emocionômetro”, caracterizado como um coração alegre e outro triste, onde cada criança poderá expressar como está se sentindo, colocando um prendedor de roupas com uma foto sua no coração correspondente (triste ou feliz);
  • Construção das regras e combinados da turma a partir de gravuras, combinando o que podem e o que não podem fazer.
  • Integração com as crianças e professoras de outras turmas (hora do conto, cinema, pátio...);
  • Socialização entre as crianças trocando os brinquedos com os seus colegas, incentivando o partilhar;
  • Jogos cooperativos (o limão entrou na roda, chutar a bola um para o outro), desenvolvendo o senso de coletividade e cooperação.
  • Cooperar na hora da arrumação da sala e de seus pertences, adquirindo progressiva autonomia e independência;
  • Jogos em grupos, observando a troca, a socialização e o respeito pelo colega.
  • Troca de afetos entre colegas e com as professoras (carinho, colo, atenção...), estreitando os laços afetivos já existentes;
  • Em pares com os colegas, cada criança deverá descobrir maneiras de expressar afeto utilizando as partes do corpo solicitadas pela professora (mãos, olhos, boca,...), estimulando a afetividade e integração com o colega;
  • Contação da história: “Quando eu sinto medo”, de Trace Moroney, buscando trabalhar este sentimento com as crianças.
  • Roda de conversa, onde cada criança poderá falar sobre seus medos;
  • Representação dos seus medos através de desenhos, aprendendo a lidar com os mesmos.
  • Contação da história: “Mistura de Monstros” através de um livro interativo, onde cada criança poderá manuseá-lo e ‘escolher’ um monstro de sua preferência, descobrindo que estes só existem nas histórias e em nossa imaginação;
  • Com um saco de papel, fazer furos (olhos) e elaborar uma colagem de diferentes materiais simbolizando a cara do monstro, dramatizando posteriormente, enfrentando o sentimento de medo e insegurança.
  • Roda cantada “Vamos passear na floresta enquanto seu lobo não vem”, experimentando as emoções de medo, alegria e surpresa.
         


               BIBLIOGRAFIA:
                    
  • ROSSINI, Maria Augusta Sanches. Pedagoga Afetiva. Ed. Vozes.
  • PIAGET, Jean, O Julgamento Moral da Criança. São Paulo. Mestre Jou, 1977.
  • BRAZELTON, T. Berry; GREENSPAN, Stanley I. As Necessidades Essenciais das Crianças: o que toda criança precisa para crescer, aprender e se desenvolver. trad. Cristina Monteiro. – Porto Alegre: Artmed, 2002.


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(disponíveis em 21/02/2010)